O que é fibromialgia?
Fibromialgia é considerada uma síndrome de dor crônica; sua patogênese é bastante complexa e a cura ainda é desconhecida. Afeta cerca de cinco milhões de pessoas nos Estados Unidos, sendo que cerca de 90% são mulheres. Ainda não se sabe em qual especialidade médica a doença se enquadra especificamente, ou seja, se seria uma doença neuromuscular (Neurologia), osteomuscular (Reumatologia) ou psiquiátrica (Psiquiatria).1
Sintomas
Os portadores de fibromialgia sentem dor, cansaço, fadiga e alterações psicológicas, como alternância de humor, depressão, ansiedade e distúrbios do sono, o que gera muito sofrimento físico e emocional, ocorrendo perda de qualidade de vida em geral e, também, comprometimento de produtividade no trabalho. O diagnóstico é baseado em evidências clínicas, isto é, apenas por meio de realização de anamnese. Pouquíssimos exames laboratoriais costumam revelar alterações, como será comentado a seguir.
As discussões a respeito da etiologia da fibromialgia são inúmeras, existindo várias hipóteses. A principal é que mediadores inflamatórios levam o indivíduo a alterações neuroendócrinas no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA).2
O aumento dos níveis de citocinas, mediadores inflamatórios importantes, como a proteína-C reativa (PCR), tem sido associado a sintomas de dor, fadiga e alterações de humor em diversas condições.3 Ainda não é muito clara a correlação das alterações de níveis de PCR no nível de dor em quem sofre de fibromialgia. Teoricamente, há controvérsias na relação de alterações em citosinas, PCR e outras alterações metabólicas do indivíduo.4
Atualmente, uma nova ciência que vem sendo chamada de “psiconeuroimunologia” (PNI) estuda a relação do “sistema-psicocomportamental-neuroendócrino-imunológico- multidimensional”. Do ponto de vista da PNI, por meio da psicoterapia comportamental é possível modular o estresse do portador de fibromialgia, e, desse modo, pode-se reduzir as secreções do hormônio do estresse. Alguns autores perceberam que o aumento do nível de estresse contribui para um aumento significativo da imunossupressão.5
Fibromialgia e o estresse
Por meio de pesquisa científica, os pesquisadores correlacionaram variantes sintomáticos da fibromialgia aos níveis de estresse do indivíduo.6 Mesmo diante desse tipo de pesquisa, que aponta ser bastante conclusiva, atualmente o diagnóstico médico não inclui na anamnese as situações neuroimune e neuroendócrina nem o comprometimento do sistema nervoso, com as queixas de dor, fadiga, alterações de humor ou depressão e ansiedade em portadores de fibromialgia.
Como a fibromialgia é considerada uma desordem relacionada ao estresse, vários estudos demonstraram casos de níveis elevados de cortisol, particularmente à noite, associados a um ritmo cardíaco bastante irregular.7 Além disso, esses pacientes apresentaram valores elevados de outros tipos de hormônios e também uma desordem bastante considerável nos níveis de serotonina e noradrenalina.8
Referências bibliográficas
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