Ansiedade de doença: um transtorno mal compreendido

Ansiedade de doença, um transtorno mal compreendido

Ansiedade de doença: minha jornada como estudioso no tema

A ansiedade de doença, também chamada de transtorno de ansiedade de saúde, é um tema que me fascina e que acompanho de perto na minha prática como terapeuta. Quero compartilhar com você minha visão sobre esse transtorno, suas características e, mais importante, como é possível superá-lo. Antes de mais nada, é importante destacar que o termo “hipocondria“, usado anteriormente, caiu em desuso por ser considerado pejorativo. Hoje, tratamos essa condição com a seriedade e o respeito que ela merece.

O que é ansiedade de doença?

A ansiedade de doença não é apenas preocupação com a saúde – é uma ansiedade persistente e intensa sobre estar doente ou desenvolver uma condição grave. É comum que pessoas com esse transtorno interpretem sinais normais do corpo, como uma leve dor de cabeça ou fadiga, como algo alarmante, acreditando que podem ter uma doença séria, como câncer ou problemas cardíacos.

Na minha experiência, um dos maiores desafios para quem sofre de ansiedade de doença é que, mesmo com exames normais e garantias de saúde dadas por profissionais, o medo persiste. É como se a mente não conseguisse desligar o alarme, deixando a pessoa em um estado constante de alerta e preocupação.

Como a ansiedade de doença se manifesta?

Ao longo dos anos, percebi padrões comuns entre meus pacientes com ansiedade de doença. Alguns dos comportamentos e sintomas que mais aparecem são:

  • Monitoramento constante do corpo: A pessoa está sempre “escaneando” o corpo em busca de sinais, de algo errado, prestando atenção exagerada a batimentos cardíacos, manchas na pele ou formigamentos;
  • Busca incessante por garantias: É comum que procurem vários médicos, façam muitos exames ou peçam confirmação de amigos e familiares sobre sua saúde;
  • Evitação de situações relacionadas à saúde: Alguns evitam ir ao médico ou ler notícias sobre doenças por medo de confirmar suas suspeitas;
  • Preocupações catastróficas: Pensamentos como “eu tenho algo incurável” ou “isso é um sinal de que vou morrer” ou “isso é um sinal de que tenho tal doença”, são frequentes e muito angustiantes.
  • Sensações amplificadas: O corpo é percebido como uma fonte constante de ameaça, e sintomas inofensivos ganham proporções alarmantes.

Essas manifestações podem variar de pessoa para pessoa, mas o impacto na qualidade de vida é sempre significativo.

Por que isso acontece?

Uma das perguntas mais frequentes que recebo é: “por que eu sinto isso?”. Ainda não temos uma resposta definitiva, mas sabemos que a ansiedade de doença é multifatorial. Alguns dos aspectos que mais observo em quem vive essa condição incluem:

  1. Histórico de saúde ou trauma médico: Pessoas que já enfrentaram doenças graves ou que cuidaram de familiares com problemas de saúde muitas vezes desenvolvem maior sensibilidade a esse tema;
  2. Tendências ansiosas: Quem já lida com outros tipos de ansiedade, como transtorno de pânico ou generalizado, pode estar mais vulnerável;
  3. Interpretação distorcida de sintomas: Nosso corpo sempre dá sinais, mas a ansiedade de doença faz com que esses sinais sejam mal interpretados, criando uma sensação constante de ameaça, a distorção cognitiva é um fator bem predominante.
  4. Influências culturais e tecnológicas: Vivemos na era do “dr. Busca“, onde uma pesquisa simples sobre sintomas pode gerar uma lista assustadora de doenças possíveis.

O peso da ansiedade de doença na vida

A ansiedade de doença não afeta apenas quem a vive – ela também impacta familiares, amigos e até mesmo colegas de trabalho. Muitos dos meus pacientes relatam que se sentem incompreendidos ou julgados, especialmente por pessoas que dizem frases como “É só coisa da sua cabeça” ou “Você só quer chamar atenção”.

Esse tipo de reação pode aumentar o isolamento, além de reforçar o ciclo de ansiedade. Afinal, é difícil compartilhar suas preocupações quando elas não são validadas.

Tratando a ansiedade de doença

Felizmente, a ansiedade de doença pode ser tratada, e é muito gratificante ver a transformação que ocorre quando alguém consegue retomar o controle de sua vida. Aqui estão os passos que, na minha prática, fazem a diferença:

1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)

A TCC é, sem dúvida, a abordagem mais eficaz para a ansiedade de doença. Ela ajuda a identificar padrões de pensamento distorcidos, questionar a validade desses pensamentos e, finalmente, substituí-los por interpretações mais realistas.

Uma técnica que gosto de aplicar é a exposição e prevenção de resposta, que incentiva o paciente a enfrentar seus medos (como evitar consultas médicas ou pesquisar sintomas) sem recorrer a comportamentos de segurança, como buscar garantias.

2. Educação sobre o corpo e a mente

Muitas vezes, percebo que o entendimento de como o corpo funciona já traz alívio. Explicar que o coração acelera naturalmente em momentos de ansiedade ou que dores de cabeça esporádicas são normais pode reduzir a necessidade de interpretar esses sinais como algo grave.

3. Medicamentos, quando necessário

Embora nem todos os pacientes precisem de medicamentos, mas quando eu ou qualquer outro profissional de saúde identificar a necessidade de um paciente fazer uso de medicação, é absolutamente necessário encaminhá-lo a um (a) psiquiatra, para que sejam prescritos os medicamentos mais adequados para minimizar o sofrimento do paciente.

4. Práticas complementares

Além da terapia tradicional, recomendo práticas como mindfulness e tantas outras, que ajudam a pessoa a viver no momento presente, reduzindo o foco nas preocupações com o futuro.

Dicas que faço questão de compartilhar

Para quem vive com ansiedade de doença, algumas estratégias podem ajudar no dia a dia:

  • Evite os mecanismos de pesquisas e consultas a Ias: Pesquisar sintomas online quase sempre amplifica os medos;
  • Estabeleça uma rotina de cuidados: Ter horários fixos para consultas e exames (em vez de buscar assistência a cada novo sintoma) pode ajudar a reduzir a ansiedade.
  • Invista em autocuidado: Atividades físicas, boa alimentação e sono de qualidade não só melhoram a saúde geral, mas também reduzem os níveis de ansiedade.
  • Converse com pessoas de confiança: Compartilhar suas preocupações com alguém que entenda o que você está passando pode trazer grande alívio emocional.

Conclusão: você não está sozinho

A ansiedade de doença pode ser um fardo, mas não é uma sentença. Tenho acompanhado muitas pessoas que conseguiram transformar o medo em força, reconstruindo sua relação com a saúde e recuperando a paz.

Se você sente que suas preocupações com a saúde estão atrapalhando sua vida, saiba que buscar ajuda é o primeiro e mais corajoso passo. Você merece viver sem o peso constante da ansiedade, e há profissionais e recursos prontos para apoiar você nessa jornada.

A sua saúde, afinal, é mais do que a ausência de doença – é um estado de bem-estar que podemos construir juntos.

Eu publico vídeos constantemente no Instagram e Youtube, à respeito de ansiedade de doença, principalmente o medo de doenças neurológicas degenerativas, me siga nas redes e sinta-se acolhido (a). Para ver meu curriculum, clique aqui.

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ansiedade de doença,hipocrondria

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Daniel Mazzo

Psicólogo & Palestrante 

 CRP:06/13958

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